terça-feira, 26 de abril de 2011

"Se não estás bem, faz qualquer coisa para mudar. Filia-te! Vota!"


Quem usa esta frase com frequência - e eu já a ouvi de diversos interlocutores - ou nos quer calar demonstrando-nos a impossibilidade de remar contra a maré, ou então é pouco abençoado pela inteligência e recusa-se a perceber que a mudança não é possível dentro do sistema. Não percebe que uma ovelha a mais ou a menos dentro do rebanho não faz a diferença e que quem entra para ser diferente rapidamente é banido ou seduzido pela força do rebanho, envolto nos tentáculos que lhe retiram a liberdade de opinar sem temer consequências.
É ridículo pensar o contrário! Imaginem o candidato a ser alguém dentro de um partido que preconizasse o fim da Assembleia da República porque não se justifica o dinheiro que se gasta em representantes de... si próprios.
Alguém que quisesse que quisesse que os 25 milhões de euros que o Estado dá aos partidos anualmente fossem usados noutras causas e que os partidos vivessem apenas de auto-financiamento.
Alguém que quisesse que as posições na administração fossem TODAS preenchidas por concurso público isento e real. Que quisesse que TODAS as obras públicas fossem precedidas de concurso real ( e este real que repito pretende distinguir dos concursos aparentes que apenas servem para enganar os olhos mais distraídos do Tribunal de Contas ). Que quisesse terminar com as vergonhosas parcerias publico/privadas que só servem para criar tachos. Que futuro partidário teria quem pensasse assim?
Dizer que quem está contra o sistema actual deve manifestar a sua vontade entrando para os partidos ou através do voto, é o mesmo que dizer a um   ambientalista que a forma de evitar a caça é juntar-se a uma associação de caçadores ou a um negro que para lutar contra o racismo deve juntar-se a um grupo nazi! É um absurdo total!!!
Não é pelo PS pelo PSD, CDS,PC ou o Bloco de Esquerda que o país pode mudar.
O que tem de mudar é o próprio sistema político cuja validade chegou ao fim!
Todos os sistemas são assim. Vão ganhando vícios que os acabam por tornar insustentáveis para os Governados. Por isso a história se repete. Sempre se repetiu e a sequência é sempre igual. Aos vícios do sistema segue-se a crise, o desconforto social e por vezes a revolução e a guerra. 
Temos de ter a lucidez de o compreender para poder evitar as consequências mais graves que se avizinham! É do nosso país, do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos que estamos a tratar e os problemas não passam só por fazermos de conta que não existem!
A democracia representativa é como aquele iogurte que apesar de já ter passado de validade há uns meses nos abstemos de tirar do frigorífico.
Fazia sentido há 100 anos atrás a ideia da democracia representativa. Que outra forma havia de nos fazermos ouvir no início do século passado que não fosse através de representantes eleitos que estivessem no centro de decisão?
Hoje não faz!
A tecnologia permite que cada um se represente a si próprio.
Que a democracia seja verdadeira, de todos, e não de uma elite que governa como se de senhores feudais se tratasse, completamente despida de preocupações altruístas com os seus representados.
Aqui não pretendo mostrar "o caminho". Não tenho essa presunção. Apenas lançar o debate para as alternativas ao sistema - e não dentro dele, que essas já não existem!

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